Equipe Editorial
Nosso foco aqui será uma reflexão a respeito do livro físico, que permite a experiência tátil, o movimento de folhear as páginas, e sentir o aroma do papel. Mas como incentivar as crianças a lerem livros físicos, em um mundo digital, se a atenção delas está voltada para dispositivos eletrônicos, como celulares e tablets? Você já se deparou com essa situação em sua prática como educador? Em que momento você inclui no seu planejamento a leitura de livros de literatura?
“Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2018, pg. 39).
A literatura é um instrumento valioso para a formação do indivíduo, especialmente durante o período escolar. Não deve ser vista apenas como um meio de entretenimento, mas sim como um instrumento importante para a formação de sua sensibilidade, imaginação e pensamento crítico. A leitura pode contribuir para o desenvolvimento da linguagem, da capacidade de interpretação de textos, bem como, proporciona uma compreensão mais profunda das culturas, épocas e realidades diferentes daquelas que os alunos estão acostumados, além do desenvolvimento emocional e cognitivo, ajudando-os a lidar com seus medos, angústias e conflitos internos.
Em que momento você inclui no seu planejamento a leitura de livros de literatura? Qual o seu encaminhamento após a leitura?
No processo de ensino-aprendizagem, a BNCC destaca:
“Depois de ler um livro de literatura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs, vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos tornar um booktuber, dentre outras muitas possibilidades. Em tese, a Web é democrática: todos podem acessá-la e alimentá-la continuamente. Mas se esse espaço é livre e bastante familiar para crianças, adolescentes e jovens de hoje, por que a escola teria que, de alguma forma, considerá-lo?” (BRASIL, 2018, pg. 68).
Aí vem a chamada para a sua atenção. Não é necessário eliminar nem uma prática nem outra, ou seja, é possível trabalhar somando, pois cada estratégia utilizada estará desenvolvendo as habilidades.
“Como já ressaltado, na perspectiva da BNCC, as habilidades não são desenvolvidas de forma genérica e descontextualizada, mas por meio da leitura de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de atividade humana” (BRASIL, 2018, pg. 75).
A leitura então, deve ser vista não apenas como fonte de aprendizado, mas como lazer, diversão e até mesmo conexão com o imaginário de cada um. Então, ler para e com as crianças, não é somente para que elas aprendam a descobrir as palavras no papel. Ler auxiliará, de forma concreta, a desenvolver habilidades e competências, as quais terão influência direta na formação da vida adulta.
Outro ponto importante, são as escolhas dos livros a serem lidos. Uma atenção especial deve ser dirigida a faixa etária e ao contexto da leitura.
Portanto, quais as reflexões que a leitura de um assunto como os livros abaixo pode trazer?
Cara de nenhum, focinho de todos
- Categoria 1 – obras literárias do 1.º ao 3.º ano do Ensino Fundamental.
- Gênero: conto.
- Temas:
| Descoberta de si | Personagens/sujeitos líricos vivenciando a percepção do corpo, dos sentimentos, das ações e da linguagem. |
| Família, amigos e escola | Primeiras experiências interpessoais e sociais das crianças, permitindo a construção de percepções e questionamentos sobre si e sobre o outro. |
É uma obra que apresenta uma família composta por personagens com características físicas e culturais distintas, o que pode levar os leitores a refletirem sobre as diferentes formas de constituições familiar e sobre as origens e costumes de cada um. A narrativa pode ser utilizada como uma ferramenta para promover a discussão sobre a diversidade e a inclusão, já que aborda temas como a adoção e a busca pela identidade. No manual digital do professor, você terá o encaminhamento adequado para a condução dessa leitura e reflexão, pois a temática da adoção é um assunto delicado.
Kuarup
- Categoria 2 – obras literárias do 4.º ao 5.º ano do Ensino Fundamental.
- Gênero: lenda.
- Temas:
| Autoconhecimento, sentimentos e emoções | Percepção do corpo, construção da identidade e processos de amadurecimento, bem como a relação de personagens/sujeitos líricos com suas emoções e sentimentos, tais como o amor, a alegria, o luto e a dor. |
| O mundo natural e social | Das descobertas e relações pessoais a esferas mais amplas, como a cidade, o meio ambiente (paisagensnaturais, aquáticas, plantas, animais) e até mesmo o universo. Devem-se destacar contextos regionais e locais. |
Através da lenda da origem do Kuarup, ritual que acontece anualmente no Alto Xingu, o livro permite aos alunos conhecerem e compreenderem a cultura indígena brasileira, bem como, incentivar a reflexão sobre questões como a morte, o luto e a importância da homenagem aos antepassados. Além disso, o livro pode estimular a criatividade e a sensibilidade dos alunos, através da exploração da arte e da expressão visual.
Referência
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 20 abr. 2023.






